Sergipe, a terra natal do Forró (Márcio Dantas / Divulgação)
De uma maneira envolvente, Sergipe vivencia a atividade turística, cada vez mais símbolo de seu próprio desenvolvimento. O estado faz questão de bem receber e cria atrações especiais para o brasileiro descobri-lo em detalhes.
O que você sabe de Sergipe? Nossa sugestão é: arrume suas malas, embarque e se deixe levar, para constatar como o menor estado territorial do Brasil consegue surpreender até o mais experiente e viajado turista. Como poucos, o destino oferece descanso e agito. Praias convidativas, gente simpática e uma alegria contagiante. O ritmo do forró, o lazer à beira-mar, o cenário do sertão, a visão do mar, dos lagos e de um cânion espetacular. Em Sergipe, há muito mais além do que curtir noite e dia, capital e interior. O turista pode – e deve – fazer de tudo um pouco.
Longe se vai o tempo no qual o estado era o “patinho feio” do turismo no Nordeste. A renovação da orla de Aracaju foi um marco, assim como o boom da hotelaria e do turismo receptivo, com surgimento de serviços e práticas para bem servir e agradar. Esta parece ser a palavra de ordem por lá, pois os sergipanos fazem de tudo para que o turista se sinta melhor.
A Rota do Sertão, os litorais norte e sul, o circuito das cidades históricas. Sergipe é um pedaço da história brasileira que precisa ser mais conhecido. Por séculos, a economia regional se baseou na plantação de cana-de-açúcar, mas o cenário mudou com a instalação da hidroelétrica de Xingó e a exploração do gás natural, de petróleo e de outros recursos minerais, principalmente o potássio e o calcário, além da extração de sal marinho.
Xingó tem o quinto maior cânion navegável do mundo. O desvio das águas do São Francisco expôs a área do cangaço, onde sempre há uma boa história para ser contada – e uma visita a Angico (1938) ainda inspira sensações fortes. O mito imaginário de Virgulino comparece em meio à incrível biodiversidade preservada em plena Caatinga. Nos contatos de natureza, os passeios de catamarã são imperdíveis. Navegar pelas correntezas do “Velho Chico” – o rio São Francisco, na divisa com Alagoas – é um passeio obrigatório.
Aracaju é para aproveitar o verão permanente: visitar as praias, experimentar a gastronomia, passear pela orla, esticar nas baladas ou apenas se embalar na tranquilidade que a capital sergipana proporciona a quem procura.
No litoral Norte – onde o São Francisco se entrega ao Atlântico – está Pirambu, com as dunas e a Lagoa Redonda. A Cachoeira do Roncador, na reserva biológica Santa Izabel, base do Projeto Tamar, está a 45km. A praia tem 3 mil hectares de extensão e um sítio reprodutor da tartaruga-oliva, a maior tartaruga brasileira. Em frente está o Pantanal de Pacatuba, com 40km², a maior área pantanosa do Nordeste.
Do litoral sul, além de Estância, está Indiaroba, onde os festejos juninos começam na metade de maio, com a Praia de São Pedro do Portal, passagem obrigatória para o Mangue Seco (já em território baiano, mas vá lá, Jorge Amado e Tieta merecem).
Nos 35km de orla da capital, conheça Atalaia, Aruana, Robalo, Naufrágio, Refugio e Mosqueiro, só para citar as principais praias locais. A orla é pontilhada por ótimos hotéis, uma estrutura de barracas, bares, restaurantes, quadras esportivas, ciclovias, kartódromo e um Oceanário, com 20 aquários. A singular Passarela do Caranguejo é para quando a noite chegar. Ali estão a casa de forró e restaurante Cariri, descrita como “um pedaço de sertão à beira-mar”, pelo proprietário, o empresário José Santana, um apaixonado pelo ritmo. “É a casa de forró mais autêntica e moderna que existe”, afirma. O lugar atrai nativos, turistas brasileiros e estrangeiros.
Aracaju estampa o colorido dos cajueiros e dos papagaios. Vá ao Museu da Gente Sergipana, o primeiro de multimídia interativa do Nordeste. Inserido no circuito cultural do centro histórico, fica no caminho da orla, da Catedral, da Rua do Turista e do Centro de Turismo, rumo aos mercados (que são três, com enorme variedade de artesanato) e da ponte do Imperador, feita especialmente para a visita de Dom Pedro II, em 1860.
Mercado Antonio Franco (Emsetur / Divulgação)
O Palácio-Museu Olímpio Campos, um dos mais importantes centros das decisões políticas em Sergipe, é uma construção de 1863 que abriu à visitação depois de restaurado. No térreo, uma maquete mostra Aracaju na década de 1920, com destaque para o bondinho e o cinema Rio Branco. Em outras salas, exposições culturais, acervos e galerias. Entre os detalhes, o quarto decorado em homenagem às mulheres mais importantes na evolução política do estado. Já o Museu de Arte Sacra, em São Cristóvão, um dos mais importantes do Brasil, reconhecido pela ONU, finalmente está sendo reaberto. Fundado em abril de 1974, fica na Praça São Francisco, consagrado como Patrimônio da Humanidade.
Para os fãs do Velho Chico, é possível visitar sua foz. O passeio é feito a bordo de um catamarã que sai de Brejo Grande (a 137km de Aracaju) e percorre uma área de proteção ambiental.
Quando você deixar a capital de Sergipe rumo ao Xingó, deve embarcar com roupas leves, protetor solar, muita disposição para aventuras e certa paciência, afinal, serão mais de 230km de estrada, passando por uma dezena de cidades entre manguezais, serras, grutas e a paisagem lacustre. Você percorrerá trilhas ecológicas, entre a Caatinga e as margens do rio São Francisco. Agora, adicione disposição e coragem. Se gostar de história, saiba que uma expedição de Américo Vespúcio já fez este mesmo caminho.
Museu da Gente Sergipana em Aracaju (Emsetur / Divulgação)
O percurso segue pela BR-101 e SE-230 até a parada final, em Canindé do São Francisco. Atravessando o estado, terá logo pertinho (27km) São Cristóvão, com o seu patrimônio histórico reconhecido pela Unesco e que está no programa de divulgação da Embratur para os turistas estrangeiros. No caminho, faça uma visita ao Parque dos Falcões, com mais de 300 aves de rapina, referência mundial no adestramento. Na sequência, surge a Serra do Marabá, perfeita para a prática do trekking; o alto do Juazeiro, paisagem típica do agreste; Itabaiana e o parque nacional; Laranjeiras, Areia Branca, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre e Poço Redondo. Aí chegamos ao cenário da novela Cordel Encantado.
Um volume de água de 3,8 bilhões de metros cúbicos, extensão de 65km, largura variável que pode chegar a 300m e ter profundidade que alcança 170m em alguns pontos. O cenário tem tudo a ver com um passeio excitante (média de três horas) pelas águas represadas entre os imensos paredões de pedra. Você acaba de adentrar ao cânion do Xingó. O tour é refrescante, gostoso, é um mergulho na natureza talhada pelo homem. Não dá vontade de sair, e você verá que o esforço para chegar até ali valeu – e muito – a pena, quando entrar em um dos barquinhos que percorrem a Gruta do Talhado. A obra da natureza é uma das atrações máximas da região.
Canyon de Xingó, em Canindé do São Francisco (foto: César de Oliveira / Acervo Emsetur)
Tudo isso faz parte de um monumental complexo que é a Usina Hidrelétrica do Xingó, assim como o sensacional Museu de Arqueologia do Xingó (MAX) – acervo com 55 mil peças. Para os amantes do turismo ecológico, nada se compara a um passeio até a Fazenda Mundo Novo, o primeiro parque temático da Caatinga. Na trilha que leva ao Vale dos Mestres, além dos sítios arqueológicos, você terá contato e com a flora local e espécies marcantes como facheiro, xique-xique, mandacaru e bromélias.
O mais recente atrativo é o Cangaço Eco Parque. Localizado no município de Poço Redondo, às margens do rio São Francisco, oferece uma série de atividades – ecoturismo, arvorismo, passeios de catamarã para a Rota do Cangaço e uma trilha ecológica que vai até a Grota do Angico.
Sergipe é festeiro como ele só. O fim de janeiro é o tempo do Pré-Caju. A festa é a maior prévia carnavalesca do Brasil. Antecede o Forró Caju, que é realizado há mais de 20 anos na Praça dos Mercados, transformada no enorme Arraiá do Povo. Na temporada 2014, será em ritmo de Copa do Mundo, de 12 de junho até 13 de julho.
Itabaiana, com o seu comércio de ouro em joias; Estância, das corridas do Barco do Fogo, das igrejas, azulejados, sobrados e praias, como a do Saco e a Ilha da Sogra são para quem quiser se aprofundar pelas atrações sergipanas. São Cristóvão é a quarta cidade mais antiga do Brasil, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Laranjeiras tem projeto inovador, de viver intensamente o verão na Praia de Abaís, uma das mais bonitas do litoral sul.
Sergipe é a terra dos folguedos, dos grupos fantasiados de Guerreiros, Cacumbis, Lambe-Sujos e Cheganças. A cidade justifica a indicação de capital da cultura popular. ou de “Atenas Sergipana”, como gostam de citar seus moradores. Em Areia Branca, o São João da Paz e do Amor. Dá-lhe sanfona, triângulo, forró e alegria.
Em Sergipe, quando a fome apertar, não esmoreça, prove a maniçoba, o pirão de capão, a paçoca com carne seca desfiada e socada com farinha de mandioca. Experimente ainda a moqueca de pitu, a caranguejada, o surubim na brasa e os arrumadinhos. Saboreie os caldinhos de ostra, sururu, peixe e feijão. Para os mais ousados, o prato principal pode ser a buchada de bode, com miúdos de carneiro. Na hora da sobremesa, vá de doce de jenipapo, fruta bem local.
CURIOSIDADES
O nome Sergipe vem da língua tupi e significa “no rio dos siris”.
O folclore reúne elementos das culturas indígena, africana e europeia. São muitas manifestações com destaques para o Reisado, Parafusos, Guerreiros, Lambe-Sujos e Caboclinhos, Cacumbi, Taieira, Samba de Parelha e São Gonçalo.
No rio Santa Maria, entre os municípios de São Cristóvão e Aracaju, Crôa do Goré é um dos belos cartões-postais sergipanos. Uma ilhota formada pela maré baixa, com areia clara e quiosques.
Aracaju desponta como Capital Brasileira da Qualidade de Vida.
ALTOS NEGÓCIOS
O ano de 2013 foi expressivo para o turismo local. Com o aumento do número de hotéis e pousadas, o estado tem agora 14 mil leitos, sendo 9,5 mil na capital. A inauguração da ponte Gilberto Amado abriu maior fluxo com a Bahia, principal emissor de turistas. O estado tem o maior crescimento proporcional de visitantes nacionais e estrangeiros. Para 2014 é previsto um “aumento de 7% nos gastos diários dos turistas, de 6% no tempo de permanência e de 5% no número de viajantes de lazer, aponta o secretário estadual Elder Batalha, salientando que os investimentos via Prodetur possibilitarão o desenvolvimento do turismo desde as melhorias e reformas no Santa Maria, como novo aeroporto de Aracaju (finalização em outubro de 2015, para 4 milhões de passageiros/ano), até a infraestrutura de praias, o ecoturismo, a cultura etc.
FONTE: TRAVEL3 / ANTONIO EURYCO
http://travel3.com.br/materia.php?sergipe-sintonia-de-verao-584