O Pantanal não tem pousadas, hotéis ou resorts. A única forma de conhecer esse santuário de vida selvagem é hospedando-se em fazendas, as quais se adaptaram muito bem para receber os visitantes. Algumas delas, buscando uma atividade mais lucrativa, trocaram de vez a pecuária ou a agricultura pelo cultivo da qualidade e dos bons serviços turísticos. Outras transformaram parte da propriedade em minipousadas, mantendo as características originais da fazenda com as mesmas atividades rotineiras, acrescidas de uma boa comida preparada no fogão à lenha.
O luxo de se hospedar numa fazenda pantaneira
A grande vantagem de se hospedar numa fazenda pantaneira é que elas são muito mais autênticas do que qualquer hotel ou resort poderia ser. Nelas, o hóspede convive com o dia a dia da região. Algumas chegam a oferecer ao visitante a oportunidade de acompanhar a lida com o gado ou participar de comitivas, quando os peões transportam enormes rebanhos para fugir do aguaceiro, que chega durante a época das cheias, a partir de novembro.
Assim, o viajante não fica próximo ao Pantanal, mas dentro dele. O princípio é o mesmo dos safáris africanos. Os bichos estão ali, por todo o entorno. São capivaras, tucanos, araras, jacarés e uma quantidade absurda de passarinhos. Sem muita dificuldade, ainda é possível ver antas, tamanduás e macacos.
Uma das melhores fazendas pantaneiras é o Refúgio Ecológico Caiman, acessada a partir do município de Miranda, a 210km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Trata-se de uma propriedade enorme, com área de 55 mil hectares, equivalente a um terço do tamanho da cidade de São Paulo, com um rebanho de 30 mil cabeças de gado. O Refúgio é também uma das mais estruturadas fazendas para o turismo, com três pousadas, muito confortáveis, nas quais o hóspede pode escolher de apartamentos a verdadeiras suítes com sala de estar e varanda, além de áreas comuns com piscina, bar e sala de TV.
Os safáris fotográficos
Na Caiman, a principal atividade é o safári fotográfico, para mirar, focar e registrar as imagens dos animais. São realizados também nos moldes dos africanos, em caminhões 4X4, com bancos na carroceria, geralmente guiados por biólogos bilíngues – já que boa parte dos turistas é estrangeira – e por legítimos peões pantaneiros. Durante o passeio, armados com câmeras e binóculos, os visitantes relaxam à espera dos flagrantes com os animais, o que acontece o tempo todo.
Alguns safáris são realizados à noite, com o uso de potentes holofotes, para a observação das espécies de hábitos noturnos, como corujas, lobinhos e a onça pintada. Mas a visão dos grandes felinos é rara de acontecer, embora suas pegadas possam ser encontradas mesmo próximas à casa-sede da fazenda. Os animais são ariscos e fogem ao ouvir a aproximação do caminhão.
Biólogos do projeto Onçafári, cuja sede fica na Caiman, vêm monitorando as onças da fazenda. Algumas já receberam coleiras com sinalizadores, para que seja possível estudar o comportamento delas e localizá-las mais facilmente. Os visitantes têm a oportunidade de conhecer o projeto em palestras sobre as atividades desenvolvidas pelos pesquisadores.
Um dia típico é assim
Um dia típico no Refúgio Ecológico Caiman começa cedo, por volta das 7h, horário no qual os animais são avistados com mais facilidade. O sol ainda não é tão forte e os bichos estão à mostra. O passeio vai até as 11h. No retorno, tem-se a chance de refrescar-se na piscina e provar as caipiroskas, como a de maracujá com limão-galego.
Em seguida, é servido o almoço, sempre em panelas de ferro, no fogão à lenha. O cardápio traz receitas locais clássicas, como o arroz de carreteiro, o arroz com pequi, o caldo de piranha e a sopa paraguaia − que, na realidade, não é uma sopa, mas uma torta para comer com garfo e faca. A comida nada tem de light, o que significa um sono danado que vem a seguir. Como há tempo livre à tarde, ninguém perde a chance de dar um cochilo.
No fim do dia, os animais saem das tocas novamente e o Pantanal vira um alvoroço. Os turistas partem mais uma vez para vê-los, seja nos caminhões ou em trilhas na mata. É um momento mágico.
Os pássaros fazem uma algazarra tremenda: curicacas, jaçanãs, sanhaços, papagaios e tucanos. Cada árvore é disputada por dezenas de espécies e, mesmo da varanda dos quartos, é possível vê-los. Casais de araras passam voando em direção aos ninhos, incluindo muitas araras-azuis (espécie em extinção que, na fazenda Caiman, encontrou o refúgio perfeito).
Os jacarés e as capivaras, por sua vez, vão se juntando na beira dos lagos para dormir, enquanto a água do lago forma um espelho que começa a refletir o dourado do céu. É um dos grandes espetáculos que faz do Pantanal um show da natureza.
A melhor temporada
O Pantanal tem duas estações bem definidas: a época da cheia, que vai de outubro a março; e da seca, de abril a setembro. O melhor período para ver os animais é na época da seca, pois eles se juntam nas lagoas que persistem ao calor forte. Já durante as chuvas, o território alaga quase completamente. Na Fazenda Caiman é possível chegar de carro mesmo na cheia, mas, em muitas fazendas, o acesso só é possível de barco ou avião.
Viaje para o Pantanal
O Refúgio Ecológico Caiman fica a 36km de Miranda, que, por sua vez, está a 200km de Campo Grande, seguindo pela BR-262. A fazenda oferece opções de traslado aéreo, em avião monomotor − uma viagem de 50 minutos desde a capital do Mato Grosso do Sul. Consulte em: www.caiman.com.br.
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FONTE: TRAVEL3 / Talles Azzi
http://travel3.com.br/materia.php?refugie-se-no-pantanal-3302